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TDAH e seus Compromissos
Márcia Homem de Mello©

Portadores de TDAH tem dificuldade em conseguir começar e cumprir compromissos. 
Primeiro porque assumem mais do que conseguem dar conta, mas creem piamente que vão conseguir. Segundo, a memória que já não ajuda, faz com que eles se esqueçam da maior parte dos compromissos, acumulando aos novos compromissos assumidos. E para finalizar, como escolher prioridade onde para eles tudo parece ser muito importante?!
E é incrível como os portadores de TDAH não se dão conta do limite em assumir compromissos e vão somando os velhos aos novos e aos que ainda podem vir. É uma capacidade infinita de poderem estar em vários lugares ao mesmo tempo que imaginam possuir, mas nem a física consegue explicar. 
Assim vão somando frustrações, pois como estar num grupo de trabalho no mesmo momento de uma reunião com o gerente do banco do outro lado da cidade? Como estar em duas reuniões sociais, em dois aniversários... Que dificuldade é essa em abrir mão e entender que não se pode ganhar sempre? Por que precisa dar conta de tudo, sem conseguir dizer um simples, “não”?
Viver num ciclo vicioso de entender tudo a volta, sem perceber que de nada entende profundamente com a qualidade de um profissional para concorrer no mercado competitivo no qual vivemos, faz com que as promoções sejam difíceis, ou até mesmo escolher uma área para dedicar-se como uma fonte de renda.
O que faz o portador do TDAH ser assim, por incrível que pareça, não é o esquecimento, uma memoria fraca, mas a impulsividade de achar que pode! Além de achar que podem mesmo, que podem muito mais do que os demais. E então, mais frustração, afinal, quem ultrapassa o limite da responsabilidade, sabe do fracasso de mais um compromisso não concluído. E se isso envolver mais de uma pessoa, um grupo, teremos uma cascata de pessoas frustradas e em geral, um péssimo clima seja na escola, no trabalho ou até em uma festa de aniversário em que o bolo não chegou.
Ideias, pensamentos, soluções, sempre com a criatividade em alta, conseguem resolver os problemas dos outros e são bem vistos por isso, mas quando a solução envolver um problema pessoal... hummmm... Temos uma barreira, é a famosa frase “depois eu faço”. 
Tempo? Para os outros, sempre disponível e apostos, mas tempo pessoal é uma escassez incrível. Porque monotonia é lidar com os próprios compromissos, não com dos terceiros.
E como monotonia incomoda estar em casa com papeis e roupas para organizar, é menos interessante do que sair e comprar mais uma roupa para guardar ou fazer supermercado, mesmo que os pacotes não sejam guardados quando chegar em casa. Aliás, se estiver arrumando finalmente o guarda-roupa e um amigo ligar para tomar uma cerveja, lá se vai a arrumação. 
A distração é a inimiga mor, o tempo é o amigo predileto da distração. Se o portador de TDAH se desse conta de como o tempo voa enquanto explica a mesma coisa para alguém pela milésima vez, ou como tem a capacidade de conseguir emendar assuntos numa conversa sem fim, saberia porque falta tempo no final do dia para as tarefas mais importantes. Seria também interessante conseguir se perceber o quão se envolver em atividades que até são atraentes e bacanas, mas não eram prioritárias naquele momento, no qual o trabalho da faculdade ou documento tinha que ser entregue até a hora X e já se passaram 2h. 
Palavra chave? LIMITE. Aprenda qual o seu e respeite sem sentir-se culpado por algo que ficou para trás. Assuma apenas o compromisso com você mesmo de que não vai tentar fazer mais do que dá conta. Não queira impressionar ninguém com uma capacidade poderosa de estar em vários lugares ao mesmo tempo. Estabeleça prazos, datas, regras e cumpra-as, verá que a sensação de dever cumprido é mil vezes melhor do que o poder do “tudo posso”, sem poder realmente finalizar o que se comprometeu. 

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